quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O inferno são os outros- VEJA 4 de janeiro de 2012

Fundamentalistas judeus chegam ao fundo do poço: atacam crianças.
Homens de preto que invocam leis religiosas para exibir que as mulheres andem em calçadas separadas. Passageiras de ônibus atacadas porque se recusam a sentar, segregadas nos bancos traseiros. Meninas a caminho da escola diariamente xingadas, cuspidas e alvejadas com ovos e até fezes. Aberrações assim acontecem não no Irã ou na Arábia Saudita, países dominados pelas correntes muçulmanas que interpretam de maneira mais restrita as regras sobre a separação entre homens e mulheres, mas em Israel. O comportamento brutal de uma minoria- ultraortodoxos judeus da tendência mais fundamentalista- virou uma questão da maioria dos israelenses na semana passada por causa da cena chocante de uma menininha de 8 anos chora de medo de andar até a escola, sabendo que vai ser agredida. Motivo: os ultraortodoxos da cidade de Beit Shemesh acham que a escola invadiu seu território e que as pequenas alunas deviam andar com as roupas até os pés. Homens adultos que atacam crianças são execráveis por quaisquer critérios culturais ou religiosos, incluindo uma boa parte dos próprios ultraortodoxos. Os seguidores puristas do judaísmo, chamados haredim, floresceram na Europa de séculos atrás e são identificados em qualquer parte do mundo por continuar a usar roupas da época- ternos, sobretudos e chapéus, tudo preto. Eram (e muitos continuam sendo) contra a moderna criação de Israel por acreditar que só a intervenção divina, através da vinda do Messias que os judeus religiosos continuam a esperar, poderia reconstituir a nação dos tempos bíblicos. A imagem de homens piedosos, dedicados exclusivamente ao estudo da Torá e do Talmude, os livros santos, não combina nada com cusparadas em meninas de 8 anos.

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