sábado, 21 de janeiro de 2012

A Ku Klux Klan e a segregação racial nos Estados Unidos

Entre abril e maio de 2001 a questão racial esteve presente em importantes diários e semanários do mundo, em razão de dois acontecimentos ocorridos nos Estados Unidos: o julgamento e condenação por crime racista de um ex-membro da Ku-Klx-Klan e o plebiscito no Mississipi que decidiu manter em sua bandeira um símbolo associado à defesa da escravidão.

EX-MEMBRO DA KKK É CONDENADO POR CRIME RACISTA

No dia 15 de setembro de 1963 um atentado a bomba destruiu uma igreja batista na cidade de Birmingham, no estado do Alabama provocando a morte de Cynthia Wesley, Carole Robertson, Addie Mãe Collins e Denise McNair. Eram quatro meninas negras entre 14 e 11 anos de idade. O caso, considerado um dos crimes mais chocantes da história dos Estados Unidos, também provocou ferimentos em mais de 20 pessoas que estavam reunidas no local, conhecido por ser um dos principais centros de militantes da causa negra na cidade. Naquela época as autoridades locais eram facilmente corrompidas pelas famílias brancas mais reacionárias, que manipulavam e camuflavam as investigações, já que estavam articuladas em grupos racistas que lutavam pela supremacia branca, como a Ku Klux Klan. Inclusive, o caso não foi julgado antes porque as autoridades, incluindo um ex-diretor do FBI, não acreditavam que Thomas Blanton pudesse ser condenado por um júri do Alabama.


Agora, após 38 anos a cidade de Birmingham sente-se um pouco mais redimida. No dia 1 de maio de 2001 o júri do Estado do Alabama condenou à prisão perpétua o ex- membro da KKK, Thomas Blanton, acusado de ter participado do atentado que matou as quatro meninas em 1963. Dos quatro autores da explosão, somente Thomas Blanton permaneceu vivo e sua condenação está sendo considerada muito significativa para uma cidade que já chegou a ser chamada de BoMbingham, devido aos constantes atentados de que foi palco.

ELEITORES DO MISSISSIPI MANTÉM SÍMBOLO RACISTA
Se a justiça do Alabama está fazendo uma espécie de "mea culpa", com a condenação de Thomas Blanton, a população do Mississipi parece justificar o escritor William Falkner, que uma vez chamou sue Estado natal, o Mississipi, de o "lugar onde o passado nunca morre".
Através de um plebiscito realizado no dia 17 de abril de 2001, a ampla maioria dos eleitores do Estado do Mississipi optou em manter sua bandeira de 107 anos de idade, que ostenta, em seu canto superior esquerdo, o símbolo utilizado pelos sulistas (confederados) na Guerra Civil norte-americana, a Guerra de Secessão, ocorrida entre 1861 e 1865, que deixou um salde de 600 mil mortos. A cruz azul contendo 13 estrelas brancas é considerada uma referência ao passado racista dos Estados Unidos, já que os sulistas lutavam pela manutenção da mão-de-obra escrava, que sustentava a riqueza dos latifundiários agro-exportadores de tabaco e algodão.

A decisão faz do Mississipi o único Estado americano a preservar um sinal da luta separatista em seus símbolos oficiais. A preferência pela velha bandeira alcançou 65% do eleitorado, contra 35% que preferiam trocá-la por uma bandeira contendo no canto superior esquerdo um circulo de estrelas.
Durante décadas, políticos e membros da comunidade negra tentaram se livrar da cruz, considerada uma apologia ao racismo. Os negros representam cerca de 1/3 do eleitorado no Mississipi e mesmo seu apoio mássico à mudança não teria sido suficiente. Muitos inclusive, não chegaram a se empolgar com a campanha e nem apareceram para votar, o que demonstra uma certa frustração diante de algo tão abominável e ainda presente no mundo de hoje, como a segregação racial.
SAIBA MAIS: HISTÓRIANET

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