domingo, 21 de julho de 2019

GEOPOLÍTICA MUNDIAL/ VITOR COLLETO


[...] Como sabemos, vivemos em um mundo globalizado, onde a cada dia novas tecnologias são criadas para facilitar uma maior interação entre pessoas, empresas, ou até mesmo países de diversas partes do globo. Essa interação, portanto, promove a interpendência econômica, política e social de todas as partes envolvidas nela, fazendo com que se estabeleçam relações entre si.
É a partir do exposto acima que apresentaremos o conteúdo deste documento, segundo o título: “Geopolítica Mundial”, abordando desde o processo histórico de formação do cenário político internacional, bem como das relações econômicas e financeiras dos envolvidos neste cenário até as questões atuais relativas ao tema. 

[...] A geopolítica é o ramo da Ciência Política que estuda as relações entre espaço, poder e posição, em outras palavras, ela compreende as análises de geografia, história e ciências sociais mescladas com teoria política em vários níveis, desde o Estado até o internacional, com o objetivo de interpretar a realidade global e realizar o estudo de guerras, conflitos, disputas ideológicas e territoriais, questões políticas, acordos internacionais, entre outros.
O termo “geopolítica” é relativamente novo, uma vez que foi introduzido nos estudos da geografia a partir do século XX, segundo as ideias desenvolvidas no século XIX pelo sociólogo alemão Friedrich Ratzel (1844-1904). Como Ratzel, jamais utilizou essa expressão, ele pode ser considerado criador da “Geografia Política”, a qual será abordada no próximo item deste trabalho. Sendo assim, o pioneiro nos estudos da Geopolítica foi o pensador sueco Rudolf Kjellen. [...]
[...] É de suma importância destacar que ela por muitas décadas teve como objeto de estudo os interesses dos Estados nacionais. Hoje, contudo, a geopolítica crítica também considera os interesses e as necessidades de atores sociais como sindicatos, empresas, partidos políticos, movimentos sociais e outros segmentos da sociedade civil. 
A Geopolítica, muitas vezes, é confundida com a Geografia Política, já que compartilham alguns conceitos, porém a abordagem de cada uma é distinta e, portanto, são áreas autônomas. [...]

[...] 1.1.      Capitalismo X Socialismo

A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) mudou o destino e a geopolítica do mundo estabelecendo uma nova ordem mundial. Os impérios coloniais desmoronaram e em seu lugar surgiram duas novas superpotências: Estados Unidos e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
A partir do momento em que a União Soviética passou a existir como potência mundial e outras nações adotaram o socialismo, o capitalismo deixou de ser o único sistema econômico do mundo. Pela primeira vez, o mundo ficou dividido entre dois sistemas econômicos opostos: o capitalismo norte-americano (Oeste) versus o socialismo soviético (Leste). Foram quase cinco décadas de disputas entre os dois blocos, cada um querendo impor seu modo de produção. Durante a guerra fria foram criados arsenais bélicos e nucleares que a qualquer momento poderiam destruir a humanidade.
De acordo com os americanos, o capitalismo simbolizava a liberdade, uma vez que cada indivíduo poderia ser dono do seu próprio negócio, pagar seus funcionários e investir onde bem entendesse. O regime capitalista já tinha tomado suas proporções. Ele culminou no período das manifestações, revoluções como a Revolução Industrial, a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa.
O capitalismo gera desigualdades sociais por causa da má distribuição de renda, o desemprego e outros fatores. Por outro lado, o socialismo visava uma economia voltada para o bem coletivo – diferente do individualismo do sistema econômico não planejado. No socialismo, a economia está em poder do Estado.
A distribuição dos recursos de forma justa, executada pelo governo vigente, bem como a remuneração dada a cada trabalhador, segundo sua produção e qualidade do exercício formam algumas das características do sistema de economia planejada ou planificada. Dessa forma, o capitalismo e o socialismo são totalmente opostos em suas ideias. [...]


 1.1.1. Guerra Fria

A Guerra Fria teve início logo após a Segunda Guerra Mundial, pois os Estados Unidos e a União Soviética disputaram a hegemonia política, econômica e militar no mundo. A União Soviética possuía um sistema socialista, baseado na economia planificada, partido único (Partido Comunista), igualdade social e falta de democracia. Já os Estados Unidos, a outra potência mundial, defendia a expansão do sistema capitalista, baseado na economia de mercado, sistema democrático e propriedade privada. Na segunda metade da década de 1940 até 1989, estas duas potências tentaram implantar, em outros países, os seus sistemas políticos e econômicos.
A definição para a expressão "guerra fria" é: um conflito que aconteceu apenas no campo ideológico, com ausência de embate militar declarado e direto entre Estados Unidos e URSS. Até mesmo porque, estes dois países estavam armados com centenas de mísseis nucleares. Um conflito armado direto significaria o fim dos dois países e, provavelmente, da vida no planeta Terra. Porém, ambos acabaram alimentando conflitos em outros países como ocorreu, por exemplo, na Coreia e no Vietnã.
Durante a Guerra Fria, os interesses geopolíticos e econômicos dos Estados Unidos se mesclaram e se complementaram. Os exemplos mais significativos foram, na própria origem desse período, a elaboração da Doutrina Truman, de cunho geopolítico, e o Plano Marshall, de cunho econômico. Os norte-americanos constituíram blocos militares com o objetivo de impedir a expansão da zona de influência da União Soviética, a superpotência rival. Naquela época, muitos setores da sociedade americana acreditavam que, se a União Soviética estendesse sua influência a outros países além do Leste Europeu e da China (que aderiu o socialismo em 1949, como consequência da revolução liderada por Mao Tsé-Tung), todos os países, sucessivamente, acabariam caindo nas “garras” do inimigo. Esse pressuposto geopolítico ficou conhecido como efeito dominó. Para contê-lo, os Estados Unidos criaram várias alianças militares na Europa, na Ásia e na Oceania, estabelecendo um cinturão de isolamento em torno da superpotência rival que ficou conhecido como cordão sanitário. [...]
[...] 1.1.      Liberalismo econômico

O liberalismo emergiu no século XVIII como reação ao absolutismo, tendo como valores primordiais o individualismo, a liberdade e a propriedade privada. Ganhou projeção como adversário da concentração do poder pelo Estado, principalmente no que dizia respeito às atividades econômicas.
O Estado liberal apresentava-se como representante de toda a sociedade, tendo o papel de “guardião da ordem”: não lhe caberia intervir nas relações entre os indivíduos, mas manter a segurança para que todos pudessem desenvolver livremente suas atividades. Com o Estado liberal, estabeleceu-se a distinção do público e do privado. [...] 

[...]  Essas concepções do pensamento liberal começaram ruir no final do século XIX e caíram definitivamente por terra com a Primeira Guerra Mundial. Isso ocorreu porque a intensa concorrência entre as empresas foi provocando o desaparecimento de pequenas firmas, que faliam ou eram compradas pelas maiores, tornando as crises econômicas mais frequentes, por exemplo, em 1929, nos Estados Unidos, pois o livre mercado sem a interferência do Estado fez com que a produção continuasse a aumentar enquanto que a demanda diminui sensivelmente. [...]
[...] 1.1.      Neoliberalismo econômico

A partir da década de 1970, após a crise do petróleo, houve uma necessidade de mudança na organização estatal. O capitalismo enfrentava então vários desafios. As empresas multinacionais precisavam expandir-se, ao mesmo tempo em que havia um desemprego crescente nos Estados Unidos e nos países europeus; os movimentos grevistas se intensificavam em quase toda a Europa e aumentava o endividamento dos países em desenvolvimento.
Os analistas, tendo como referência os economistas Friedrich Von Hayek (1899-1992) e Milton Friedman (1912-2006), atribuíam a crise aos gastos dos Estados com políticas sociais, o que gerava déficits orçamentários, mais impostos e, portanto, aumento da inflação. Dizima que a política social estava comprometendo a liberdade do mercado e até mesmo a liberdade individual, valores básicos do capitalismo. Por causa disso, o bem-estar dos cidadãos deveria ficar por conta deles mesmo, já que se gastava muito com saúde e educação públicas, com previdência e apoio aos desempregados idosos. Ou seja, os serviços públicos deveriam ser privatizados e pagos por quem os utilizasse. Defendia-se assim o Estado mínimo, o que significa voltar o que propunha o liberalismo antigo, com o mínimo de intervenção estatal na vida das pessoas.
Nasceu dessa maneira o que se convencionou chamar de Estado neoliberal. As expressões mais claras da atuação dessa forma estatal foram os governos de Margareth Thatcher, na Inglaterra, e de Ronald Reagan, nos Estados Unidos. Más mesmo nesse período o Estado não deixou de intervir em vários as aspectos, mantendo orçamentos militares altíssimos e muitos gastos para amparar as grandes empresas e o sistema financeiro. Os setores mais atingidos por essa “nova” forma de liberalismo formam aqueles que beneficiavam mais diretamente os trabalhadores e os setores marginalizados da sociedade, como assistência social, habitação, transportes, saúde pública, previdência e direitos trabalhistas. [...]
[...]  Com essas propostas, o que se viu foi à presença cada vez maior das grandes corporações produtivas e financeiras na definição dos atos do Estado, fazendo com que as questões políticas passassem a ser determinadas pela economia. Além disso, o que era público (e, portanto, comum a todos) passou a ser determinado pelos interesses privados (ou seja, por aquilo que era particular). [...]

[...]  Prós e contras do neoliberalismo:
Segundo os defensores desse sistema, ele é capaz de proporcionar o desenvolvimento econômico e social de um país. Defendem que o neoliberalismo deixa a economia mais competitiva, proporciona o desenvolvimento tecnológico e, através da livre concorrência, faz os preços e a inflação caírem. Por outro lado, há quem critique, alegando principalmente que ela só beneficia as grandes potências econômicas e as empresas multinacionais. Os países pobres ou em processo de desenvolvimento (Brasil, por exemplo) sofrem com os resultados de uma política neoliberal. Nestes países, são apontadas como causas do neoliberalismo: desemprego, baixos salários, aumento das diferenças sociais e dependência do capital internacional. Além disso, evidenciam-se outros pontos negativos dessa vertente econômica, as quais podem citar: corte em relação aos servidores públicos, flexibilização e a precarização das leis trabalhistas, além da famosa “guerra fiscal” (quando as empresas recebem incentivos fiscais para implantarem suas atividades em um dado país, mas quando recebem propostas melhores em outro local, podem se deslocar facilmente, deixando uma parte da população desempregada). [...]

[...] 1.   Conclusão

  Ao encerrar esse trabalho, fica evidente a percepção de que todo e qualquer país tem uma contribuição na geopolítica mundial, especialmente no século XXI, na era de esplendor da globalização. Deve-se ter em mente, portanto, que todos os acontecimentos históricos, transcritos ao longo deste documento, serviram de base e tiveram importância para reforçar ideologias, superar crises, realizar alianças, bem como firmar pactos, acordos ou tratados para que a relação entre os países da Velha e da Nova Ordem Mundial sejam consideravelmente pacíficas.
Além das percepções acima mencionadas, pode-se concluir que para que se tenha melhor entendimento das ações e ideologias de um país na atual conjuntura global é importante entender o processo histórico que leva aquela nação a adotar tais medidas. [...] 

  Vitor colleto dos Santos (colégio Tiradentes da Brigada Militar- Santo Ângelo RS).

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