A agropecuária a a partir do século XX sofreu inúmeras transformações, decorrentes da introdução de novas tecnologias. O agronegócio passou a dominar a produção em diversos países. Mas nos países subdesenvolvidos, as atividades agrícolas não gera alimentos suficientes para acabar com a fome e a miséria. Entretanto, diversos países emergentes se tornaram celeiros agrícolas e a exemplo do Brasil, a agricultura familiar responde por boa parte da produção de alimentos, como mandioca, café, milho,arroz, feijão, soja e leite.
As nações
industrializadas apresentam alto grau de urbanização e agropecuária ocupa uma pequena
parcela de mão-de-obra.
A maior parte dos
países subdesenvolvidos não-industrializados possui baixos índices de
urbanização. Outra parte conta com intensa urbanização em virtude do elevado
êxodo rural, que se deve, entre outros fatores, ao baixo padrão de vida no
campo.
Nos casos da África e
da Ásia, grande parte da população economicamente ativa continua empregada no
setor primário, embora esses continentes sejam os que mais apresentam problemas
de fome e de subnutrição. Neles, a população rural ultrapassa a média de 62%,
chegando a representar mais de 80% da população total em muitos países, como
Burkina Faso, Burundi, Etiópia, Ruanda, Malavi, e Uganda, na África, e Butão,
Nepal, Camboja e Laos, na Ásia.
A agricultura nos
países subdesenvolvidos
Os sistemas agrícolas
nativos asiático, africano e latino-americano, fundamentados na apropriação e
na produção coletivas, foram desorganizados, d o século XVI, com a inserção
destas regiões no modo de produção capitalista
Como consequência, em
grande parte desses países predomina uma agricultura de subsistência
complementar à plantation, esta última desenvolvida nas melhores terras. O
aumento da produção se faz, na maioria das vezes pela extensão da área
cultivada, pois não contam com capital e tecnologia modernizadora para promover
aumento de produtividade. Esses países ainda constituem sociedades rurais de
baixo poder aquisitivo, com mercado interno muito fraco e submissão ao mercado
mundial de commodities.
Embora os produtos
primários representem mais de 50% do PNB de muitos países (como Afeganistão,
Burundi, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Etiópia,
Guiné-Bissau, Laos, Libéria, Mianma, Serra Leoa e Somália), nem sempre eles são
os maiores produtores ou exportadores
A agricultura nos
países Desenvolvidos
A tecnologia empregada
pelos países industrializados na agricultura permite grande produtividade e
coloca muitos deles entre os maiores produtores e exportadores mundiais, como é
o caso dos EUA.
Agrogropecuária dos
Estados Unidos
O país é o principal
representante da agricultura contemporânea, com produção excedente,
especializada, e essencialmente especulativa e de mercado.
A partir da segunda
metade do século XIX, a agricultura dos Estados Unidos alcançou grande desenvolvimento.
A preocupação europeia com a produção industrial acarretou uma crise
generalizada em sua produção agrícola.
Devido ao menor custo
de produção em relação à Europa, países como EUA, Austrália, Argentina e Canadá
passaram a conquistar o mercado europeu de produtos agropecuários.
O desenvolvimento da
agricultura estadunidense resultou, portanto, de seu caráter competitivo no
plano externo combinado a diversos outros fatores internos, como a abolição da
escravatura, a agilidade governamental no processo de acesso à terra, o elevado
contingente de imigrantes (sobretudo europeus), a conquista e a expansão
territorial (disponibilidade de terras), as grandes extensões de solos férteis
(principalmente pradarias) e a rápida modernização e mecanização da
agricultura.
Com exceção das regiões
Nordeste (de povoamento mais antigo e agricultura semelhante à europeia) e da
região Sul (lavouras subtropicais de plantation), a agricultura estadunidense
estruturou-se com base na produção especializada e na média e grande
propriedade familiar, os farmers.
A produção
especializada deu origem aos cinturões agrícolas (belts), tensas áreas do
território destinadas ao cultivo de um produto principal (monocultura), nas
quais se desenvolve uma moderna agricultura comercial, por exemplo, wheat belt
(trigo), cotton belt (algodão), corn belt (milho) ranching belt (pecuária
extensiva). A associação de produtores permite a integração entre agricultura,
comércio e indústria, garantindo contratos de exportação, fornecimento de
matérias-primas, utilização de tecnologia, máquinas etc. Os green belts ou
cinturões verdes são pequenas propriedades, geralmente em torno das cidades,
nas quais se pratica agricultura intensiva para abastecer os centros urbanos.
Apesar de contar com
Limitações naturais (montanhas, temperaturas baixas), os Estados Unidos possuem
disponibilidade de áreas agrícolas, coma as planícies e os baixos planaltos,
regiões de solos férteis. A pecuária extensiva é desenvolvida nas regiões
áridas e semi-áridas do Oeste, do país.
Apesar de a
agropecuária participar em 2002 com apenas 2% do PBN dos Estados Unidos e
absorver apenas 2% de sua população econômica ativa, o país é a principal
potência agrícola atual, o maior produtor e mundial de alimentos. Sua
agropecuária é muito produtiva, ocupando posição de vanguarda no
desenvolvimento de técnicas modernas, como a biotecnologia.
A influência
estadunidense no comércio agrícola internacional (preços e transações) é tão
grande que qualquer mudança na sua política agrícola tem conseqüências
mundiais.
Quanto aos demais
países e regiões cujo sistema agrícola assemelha-se ao dos EUA (agricultura
mecanizada, comercial e especializada), podemos citar Canadá, Austrália, África
do Sul, Argentina, Região Centro-Sul do Brasil, todos exportadores de cereais
(trigo, milho etc.) e outros produtos agropecuários (soja, carne, lã etc.) de
grande consumo mundial.
A agricultura europeia
O primeiro período de
grande desenvolvimento da agricultura europeia (por volta de 1780 a 1880)
coincide coma primeira fase da Revolução Industrial. Este desenvolvimento
deu-se principalmente graças à utilização de técnicas agrícolas como a rotação
de culturas (técnica que alterna em uma mesma área culturas diferentes ou
períodos de cultivo e de repouso, para não esgotar o solo e permitir que os
nutrientes sejam repostos). Também se deveu à maior utilização de máquinas e
ferramentas agrícolas (fornecidas pela indústria) e ao maior consumo de
alimentos pela população. Entretanto, a concorrência cada vez maior dos
produtos estrangeiros (mais baratos) levou a agricultura européia a uma grave
crise, que teve início no final do século XIX.
O período posterior a
essa crise generalizada (agravada pela Depressão econômica de 1929) foi marcado
por uma reorganização e modernização da agropecuária européia, cujas principais
características foram:
• substituição da
tradicional policultura pela agricultura especializada de mercado (trigo,
vinho, batata, entre outras);
• melhoria da infra-estrutura
do setor agropecuário (armazéns, silos, estábulos, escoamento e comercialização
da produção) e maior emprego da mecanização, da adubação química etc.;
• reagrupamento das
propriedades (concentração fundiária), maior participação empresarial no setor,
maior submissão do produtor ao capital e maior participação do Estado no
financiamento da produção;
• difusão do
cooperativismo agropecuário (em países como Dinamarca, Países Baixos, Suécia
etc.) tanto na compra de insumos agropecuários (adubos, máquina etc.) quanto na
comercialização dos produtos.
Essa grande
modernização tornou a agricultura européia mais eficiente e competitiva.
Entretanto, os países europeus ocidentais continuam sendo, em sua maioria,
deficitários na produção de alimentos.
Apesar da modernização
pela qual passou, a agricultura européia ainda emprega alguns métodos agrícolas
clássicos, como a rotação de culturas e a associação agricultura-pecuária.
Mudanças na paisagem
rural do mundo em transição: Rússia e China
Rússia
A partir da Revolução
de 1917 a propriedade privada foi abolida na Rússia e as terras foram
coletivizadas. Predominava o modelo de exploração agrícola baseado nos
kolkhozes (fazendas coletivas) e nos sovkhozes (fazendas estatais).
A antiga-URSS chegou a
se tornar uma das maiores potências agropecuárias do mundo (devido a fatores
como grande extensão territorial, mão-de-obra numerosa, mecanização etc.),
apesar das condições naturais desfavoráveis de grande parte de seu território
(secas e invernos muito rigorosos) e da prioridade dada à produção industrial e
bélica. A participação do capital estatal foi decisiva nesses avanços.
O
período que antecedeu as reformas (1981-1985) que deram origem à transição para
a
economia de mercado, a União Soviética passou por uma série de insucessos nas
colheitas, gastou suas reservas na importação de cereais e não investiu na
modernização para ampliar a produção.
A partir de 1990, com
os novos planos de transição para a economia de mercado, os kolkhozes foram
desativados (alguns abandonados), as lavouras foram arrendadas às famílias e as
terras do Estado foram privatizadas e distribuídas.
Em 1991 ocorreu a
dissolução da União Soviética e a criação da CEI (Comunidade dos Estados
Independentes).
Desde a década de 1990
têm sido elaborados planos de organização e modernização de empresas agrícolas
adaptadas às regras de mercado. Apesar de todos os problemas, a Rússia,
principal Estado da CEI, ainda é uma grande produtora agrícola, destacando-se
na produção mundial de cevada, aveia, centeio (primeiro lugar mundial), batata
(segundo lugar) e trigo (terceiro lugar).
CHINA
A Revolução Socialista
de 1949, a agricultura passou a ser vista como a base do desenvolvimento da
China. As terras e seu uso foram coletivizados. As tradicionais práticas de
agricultura comunitária deram origem inicialmente às cooperativas agrícolas e,
mais tarde (1957), às comunas populares (comunidades agrícolas coletivas).
Embora contando com o
maior contingente populacional do mundo (mais de 1,3 bilhão de habitantes) e
dispondo de condições naturais muito adversas na maior parte de seu território,
o desempenho da agricultura chinesa no período pós-revolução foi sem dúvida
excelente, contando com grandes projetos de irrigação e recuperação dos solos.
Em 1984 o governo
chinês anunciou oficialmente um conjunto de reformas econômicas que vinham
sendo experimentadas desde o final da década de 1970: permissão para a
exploração individual ou familiar da agricultura, introdução do conceito de
lucro nas atividades econômicas, adoção de tecnologias e capitais estrangeiros,
estímulo à produtividade do trabalhador, flutuação dos preços, criação do
cartão de crédito, criação da Bolsa de Valores, estímulo ao consumo etc.
Quanto à agricultura, e
mais especificamente às comunas populares, a principal mudança foi a permissão
dada às famílias de explorarem individualmente a terra e comercializarem
diretamente a produção excedente. A produção passou a ter três destinos: uma
parte é vendida ao Estado, outra é destinada à comunidade local e a terceira é
comercializada livremente pela família produtora. Este sistema tem propiciado
maior produtividade, maior produção e maiores ganhos.
A distribuição de
terras para plantio PUBLICIDADE A reforma agrária tem por objetivo proporcionar
a redistribuição das propriedades rurais, ou seja, efetuar a distribuição da
terra para a realização de sua função social. Esse processo é realizado pelo
Estado, que compra ou desapropria terras de grandes latifundiários
(proprietários de grandes extensões de terra, cuja maior parte aproveitável não
é utilizada) e distribui lotes de terras para famílias camponesas.