domingo, 24 de junho de 2012

AGROPECUÁRIA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Há um novo paradigma na produção agropecuária que leva em conta o meio ambiente. Uma agricultura mais sustentável, com todas as suas incertezas e complexidades, não pode ser conjecturada sem uma grande soma de atores sendo envolvidos em um contínuo processo de aprendizado. Tal processo envolve um retorno dos produtores e a vontade de aprender sempre por parte também dos pesquisadores, não tendo necessariamente de haver um padrão. As mudanças tecnológicas devem ser específicas por região, pois dependem das condições edafoclimáticas. Por seu turno, tal mudança não pode acontecer sem que as tecnologias a implantar para tornar a produção menos ofensiva ao meio ambiente estejam basicamente referenciadas às condições edafoclimáticas do local em que se vão usar. Uma questão que fica clara é que os agricultores familiares teriam vantagens comparativas no seu uso. Por enquanto, o destino dos seus produtos são nichos de mercado, que podem se alargar à medida que a população demande produtos mais seguros e saudáveis, não só do ponto de vista ambiental, como também da saúde humana.
A forma de implantação do desenvolvimento sustentável na agropecuária deve ser sistêmica e não, fragmentada. Em qualquer atividade rural, seja ela: pecuária de corte, leite ou agricultura, a racionalidade é que irá nortear o planejamento. A proposta é adotar, prioritariamente, procedimentos de manejo na Pecuária e Agricultura para minimizar a entrada de insumos, máquinas e equipamentos de forma a gerar saldo energético positivo no sistema produtivo. Uma das alternativas de gerar esse saldo favorável é economizando a energia das plantas, do gado, da tropa, dos vaqueiros, do proprietário, do caminhoneiro, do consumidor, do petróleo, da água, etc.
Fonte: Unifeob

Agenda 21 Brasileira sobre agricultura sustentável

No processo de elaboração da Agenda a realidade brasileira foi analisada a partir de diferentes focos, observando-se a independência entre o meio ambiental, economia, sociedade e instituições. Além disso, determina que o processo de elaboração e implementação devem estabelecer parcerias, entendendo que a Agenda 21 não é um documento de governo, mas um produto de consenso entre os diversos setores da sociedade brasileira, através da parceria entre governo, setor produtivo e sociedade civil (Eco 92).
Os planos definidos pela Agenda serviriam de base para a elaboração dos Planos Plurianuais do Governo, quando é definido o destino dos recursos públicos do país.
Para o desenvolvimento das idéias o programa foi dividido seis eixos denominados de Agricultura Sustentável, Cidades Sustentáveis, Infra-estrutura e Integração Regional, Gestão dos Recursos Naturais, Redução das Desigualdades Sociais e Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Sustentável, permitindo discutir de forma ampla a sustentabilidade do desenvolvimento do Brasil, a partir da análise das diferenças sociais.
Dentro do seu marco conceitual, a Agenda 21 observa que "A idéia de uma agricultura sustentável’ revela, antes de tudo, a crescente insatisfação com o status quo da agricultura moderna. Indica o desejo social de práticas que, simultaneamente, conservem os recursos naturais e forneçam produtos mais saudáveis, sem comprometer os níveis tecnológicos já alcaados de seguraa alimentar. Resulta de emergentes pressões sociais por uma agricultura que não prejudique o meio ambiente e a saúde.
Deveria ter as características a seguir:
  1. a manutenção, a longo prazo, dos recursos naturais e da produtividade agrícola;
  2. o mínimo de impactos adversos ao meio ambiente;
  3. retornos adequados aos produtores;
  4. otimização da produção com um mínimo de insumos externos;
  5. satisfação das necessidades humanas de alimentos e renda;
  6. atendimento às necessidades sociais das famílias e das comunidades rurais.
Diante da complexidade que apresenta o segmento da agricultura, não faltam motivos para duvidar que a noção de sustentabilidade possa fazer sentido quando aplicada isoladamente a um setor da economia, pois a própria sustentabilidade de um componente pode justamente depender de suas inter-relações com outros elementos do sistema do qual faz parte.
Diante da indagação sobre os males da agricultura moderna, nota-se que a dilapidação da cobertura florestal e o manejo inadequado dos solos levam à degradação de sua estrutura física e, conseqüentemente, facilitam os processos de erosão. Os solos erodidos exigem mais fertilizantes, que nem sempre conseguem suprir adequadamente as necessidades nutricionais das plantas, tornando-as assim mais suscetíveis ao ataque de pragas e doenças. Dessa forma, os agricultores passam a aplicar doses crescentes de agrotóxicos. Mas estes produtos eliminam também os inimigos naturais das pragas facilitando a proliferação de insetos, ácaros, fungos e bactérias, principalmente nos sistemas monoculturais. Além disso, dificilmente os agrotóxicos conseguem eliminar toda a população de pragas, permitindo que os indivíduos sobreviventes se tornem resistentes a esses produtos. Esse ciclo, bastante comum na agricultura moderna, vem provocando, desde o final dos anos 60, uma série de impactos aos agroecossistemas (Rodrigues, 2003).

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Decorrida a fase de explosão industrial do período liberal e das grandes Revoluções, o conceito de desenvolvimento econômico e tecnológico, a todo custo, perdeu guarida nas sociedades modernas.
Com isto a sociedade passou a exigir a atuação freqüente do Estado na solução das questões ambientais.
A proteção do meio ambiente e o desenvolvimento econômico tornaram-se um objetivo social comum, pressupondo a convergência do desenvolvimento econômico, social, cultural e de proteção ambiental.
O desenvolvimento sustentável, ou, eco-desenvolvimento, é representado pela conciliação entre o desenvolvimento, a preservação do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida, e deve ser aplicado no território nacional em sua totalidade (áreas urbanas e rurais).
De acordo com Fiorillo (2000), o “princípio do desenvolvimento sustentável” permite o desenvolvimento, mas de forma sustentável, planejada, para que os recursos hoje existentes não se esgotem ou tornem-se inócuos (...) não há dúvida que o desenvolvimento econômico também é um valor precioso da sociedade. No entanto, a preservação ambiental, e o desenvolvimento econômico devem coexistir, de modo que aquela não acarrete a anulação deste. (...) Busca-se na verdade, a coexistência de ambos sem que ordem econômica inviabilize um meio ambiente ecologicamente equilibrado e sem que este obste o desenvolvimento econômico”.
Fonte: UNIFEOB

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E AGROPECUÁRIA

 Atividade agropecuária e meio ambiente:
Inicialmente, a preocupação ambiental se confundia com a luta pela defesa de nossas florestas. Durante os quatro primeiros séculos de ocupação humana, no Centro-sul e no Nordeste, o desenvolvimento do País e dessas regiões se fazia à custa da derrubada das florestas.
Os cerrados e os campos rupestres, bem como as caatingas, eram considerados áreas marginais e recebiam atenção também marginal. O desenvolvimento agrícola exigia a destruição das matas. Assim, até os anos de 1950, o café respondia por aproximadamente 90% de nossas exportações.
Os cafeeiros são plantas vorazes, que exaurem o solo e exigem terras muito férteis. A cafeicultura de expressão econômica se iniciou junto ao Rio de Janeiro, onde Dom João VI estabeleceu a capital real. Depois, a cafeicultura migrou através do Vale do Paraíba do Sul. Em seguida, tangenciou São Paulo, para ocupar Campinas e se espraiou pelo oeste do Estado.
Mais tarde ocupou o noroeste do Paraná. Ocupou também o sul de Minas Gerais e partes do estado do Espírito Santo. No Nordeste a produção agrícola principal era e ainda é a plantação de cana para a fabricação de açúcar e álcool, também muito importante no Sudeste. O Brasil era, até meados do século XX, uma nação basicamente agrícola.
Após a Primeira Guerra Mundial, o segmento da agropecuária e indústria começaram a se desenvolver de forma mais dinâmica, principalmente através das atividades de agrícolas, pecuárias e agroindustriais, visando atender às novas demandas do consumo das atividades humanas.
Desde a década de 50, o impacto que a agropecuária produz no ambiente tem sido visto no mundo inteiro com preocupação por segmentos crescentes da sociedade. Por sua vez, três tipos de influências, ainda não completamente integradas à análise, estão mudando a demanda por pesquisa agropecuária no Brasil (Quirino et al. 1999). Primeiramente, a globalização lançou a agricultura brasileira em competição direta com a de outros países. Já não é mais o mercado externo monopolista do ciclo do café, nem o mercado interno urbano industrial do recente surto de desenvolvimento que regem sozinhos os arranjos entre a produção rural e seus mercados. As incertezas e a volatilidade da nova dinâmica de comunicação e de mobilidade do capital, a facilidade de transporte de longa distância e a crescente familiaridade com os aspectos administrativos de um mercado cada vez mais globalizado devem afetar o setor agropecuário, inclusive as suas prioridades de pesquisa.
Em seguida, os avanços e perspectivas da ciência e tecnologia abriram expectativas de desenvolvimento mais sustentável de novas tecnologias agropecuárias, cujas possibilidades e impactos ainda não estão muito bem claros para certas naturezas de atividades antrópicas.
Por fim, o crescimento da influência do paradigma ambientalista está fazendo com que segmentos da sociedade local, nacional e internacional definam condições de produção e especifiquem requerimentos para os produtos agropecuários que até recentemente não faziam parte das demandas recebidas por produtores e pesquisadores.
Em tais condições de incertezas e sob a influência de padrões de desenvolvimento sustentáveis anteriormente desconhecidos, torna-se necessário determinar técnicas de produção e prioridades de pesquisa relevantes, que por ora não é uma tarefa fácil, uma vez que existe a necessidade de adoção de um planejamento estratégico ambiental no setor rural para lidar pro - ativamente com o problema de sobreviver e de se adaptar às circunstâncias cambiantes rumo ao Século XXI.
As possíveis configurações da interface entre as atividades agropecuárias, o meio ambiente e a sociedade definem diferentes cenários futuros. A caracterização desses cenários futuros e a identificação das possíveis rotas de transição entre a situação atual e um cenário sustentável desejado, é de extrema importância como contribuição para a definição de estratégias setoriais positivas, com relação à qualidade ambiental, exploração de recursos naturais, produção de alimentos de origem animal-vegetal e seguraa alimentar.
A correta aplicação da técnica de cenários pressupõe que é impossível prever o futuro com seguraa, pois o futuro não é predeterminado, mas será construído através da conjugação de diferentes forças sociais, econômicas, políticas, ambientais e tecnológicas que atuam ao longo do tempo. Para tanto, o uso de cenários alternativos procura reduzir a incerteza sobre o futuro, retratando um conjunto de situações distintas sobre o que poderá ocorrer. Esses cenários não constituem previsões em sentido rigoroso, pois é provável que diferentes aspectos de cada um deles predominem em diferentes regiões e diferentes momentos no futuro. No entanto, cada cenário procura apresentar de maneira plausível e consistente as grandes linhas de um contexto futuro que, ao ocorrer, certamente influencia as decisões a serem tomadas no setor agropecuário.
Embora os ecossistemas naturais tenham certa capacidade de se reajustar, uma série de modificações provocadas pelo homem no meio ambiente tem ultrapassado esta capacidade, gerando desequilíbrios (Cavalcanti, 1999).
As alterações no meio ambiente pelas atividades agropecuárias podem resultar em uma série de problemas, como: o surgimento de novas espécies nos ecossistemas naturais, a extinção de espécies nativas e a introdução de substâncias de natureza prejudicial (Quirino et al. 1999).
Quanto ao impacto agroambiental, passa ser notório o surgimento de novas espécies em um ecossistema já formado e de certa forma equilibrado, pode resultar em sua competição com as espécies nativas, causando toda sorte de desequilíbrios, em um habitat ajustado ao longo de muitos anos {Grifo do autor].
Igualmente, a extinção de uma determinada espécie de um ecossistema pode ocasionar uma série de desequilíbrios, principalmente na cadeia alimentar de outras espécies.
Nas atividades agropecuárias são utilizados diversos produtos químicos na produção agrícola e pecuária, de maneira que a introdução de tais substâncias no ambiente natural provocará reações diferentes, de acordo com o tipo de substância e o habitat afetado, a maior dificuldade refere-se às substâncias poluentes, que representam perigo à saúde dos organismos vivos, pois atingem, principalmente, as populações que ocupam os níveis mais altos dos ecossistemas, mas ameaçam a sobrevivência de todas as espécies (Cavalcanti, 1999).
Por outro lado, os principais poluentes da água e do solo são, em geral, o laamento de dejetos de animais na pecuária em quantidades excessivas e sem prévio tratamento, o laamento de resíduos industriais tóxicos e o uso inadequado de agrotóxicos e/ou inseticidas na agricultura convencional.
Já, como poluentes do ar atmosférico, podemos mencionar: o monóxido de carbono, o óxido de enxofre e de nitrogênio, os hidrocarbonetos e a matéria particulada em suspensão oriundos de processos físicos, químicos e biológicos nos resíduos agropecuários laados no meio ambiente.
Ora, o meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum e indispensável à sobrevivência humana, deve ser preservado, não só pelo poder público, mas por toda sociedade como prescreve a Constituição Federal.
[...]
Neste contexto, é interessante para o entendimento humano de que os recursos ambientais não são inesgotáveis, tornando-se inadmissível o desenvolvimento das atividades econômicas de forma alheia a tal fato. É necessária a coexistência harmônica entre produção agroambiental, economia e meio ambiente, através de um desenvolvimento praticado de forma sustentável, voltado para a preservação dos recursos existentes atualmente (Cavalcanti, 1999).
Fonte: UNIFEOB- ÉDER CLENTINO DOS SANTOS

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