Um dia para entrar na História. Sem dúvida alguma, o 07 de outubro de 2023 marcou mais um triste capítulo no conflito árabe-israelense quando o Hamas (grupo extremista palestino e que controla a Faixa de Gaza) promoveu um ataque surpresa à Israel e com armas e mísseis de alta tecnologia. Episódio este que vem sendo chamado de "11 de setembro israelense", para alguns, ou "Terceira Intifada", para outros.
Em resposta, o governo de Israel vem desde então promovendo uma contraofensiva ao Hamas em um declarado estado de guerra, deixando um rastro de destruição ainda maior e levando à fuga ou até a morte de milhares de civis - de ambos os lados do conflito. Não se quer, aqui, fazer juízo de valor no sentido de apontar um lado "certo" ou "errado", mas, antes de qualquer análise, vale pontuar que repudiamos qualquer ato de violência, vindo de ambos os lados, que vitime populações civis.
Objetiva-se aqui, entretanto, tratar da importante questão da escassez de água a qual possui implicações no conflito árabe-israelense e na Questão Palestina.
Isso porque, em uma região do globo onde predomina condições climáticas desérticas como o Oriente Médio, a água torna-se um recurso ainda mais precioso e, consequentemente, fonte de conflito. Portanto, mais do que nunca, os conflitos pela água são uma realidade cada vez mais frequente em um mundo que vem sofrendo com as consequências do aquecimento global e da mudança do clima.
Um destes "conflitos pela água" é o conflito árabe-israelense! Isso mesmo, o conflito, que carrega consigo disputas históricas entre árabes (palestinos) e judeus (israelenses) e cujas suas diferentes religiões são um combustível a mais nas tensões, tem a disputa pelo controle das reservas de água da região mais um agravante para a paz definitiva na região. Afinal, não é apenas de petróleo que a economia e a sociedade sobrevivem, a água é crucial para a esmagadora maioria das atividades humanas.
No caso do conflito árabe-israelense, a disputa pela água tem como marco a Guerra dos Seis Dias, ocorrida no ano de 1967, quando Israel invade territórios de nações árabes. Isso se dá devido aos países árabes terem travado, alguns anos antes, a Guerra da Independência, pró Palestina, por não reconhecerem a criação de Israel pela ONU em 1947-48.
A bacia do rio Jordão. |
Retomando a questão da água, é na Guerra dos Seis Dias que Israel conquista a Península do Sinai (hoje retomada pelo Egito), a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e as Colinas de Golã (parte do território da Síria) e, diga-se de passagem, é aí que 'mora o perigo'. Acontece que as terras tomadas pela guerra, especialmente as da Cisjordânia e Colinas de Golã, deram a Israel acesso às cabeceiras do rio Jordão, assim como o controle de importantes reservas de águas subterrâneas (aquíferos), aumentando os seus recursos hídricos em quase 50%.
A Figura acima ilustra a bacia do rio Jordão, das áreas de nascente no sul do Líbano e Colinas de Golã até desaguar na depressão do mar Morto, fazendo um comparativo aos territórios que Israel vem anexando - muitos de forma ilegal - nas últimas décadas.
Para tanto, fica evidente o quanto o rio Jordão e seus afluentes são fonte permanente de tensão entre os países drenados por eles, sobretudo Israel e Palestina. Considerando que, para Israel, a água é um problema de segurança nacional, isso constitui, por si só, um dos maiores obstáculos para que se chegue a um acordo de paz com os palestinos.
A falta de água ameaça o futuro próximo de Israel, pois são necessários volumes crescentes para garantir a agricultura irrigada no deserto de Neguev, ao sul do país, a expansão urbana e a política de assentamentos de colonos, sobretudo na Cisjordânia ocupada.
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Por: Vitor Colleto dos Santos.
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