Queridos estudantes, não vou me
posicionar em relação a essa questão tão polêmica, apenas analisaremos os
fatos, pois a separação dos três estados da região Sul do restante do país será
consultada em um plebiscito informal (na verdade, apenas uma consulta popular, não oficial) no
dia das eleições, em 1 de outubro. É uma forma de descobrir o que pensa a
população dessa região sobre a proposta, organizada pelo movimento "O Sul
é meu País".
Já, há algumas décadas, tenho ouvido
falar sobre esse tema: SEPARATISMO OU SECESSÃO (termo jurídico) NO BRASIL.
Num primeiro momento é importante
ressaltar que as causas desse movimento separatista não têm relação com
preconceito, racismo ou discriminação. Mas quase todos os argumentos a favor
têm contra argumento e vice- versa.
Quais os principais argumentos e
consequências de cada lado?
O Brasil é uma República Federativa, ou
seja, é formado por um conjunto de estados. Cada qual tem governo próprio e uma
certa autonomia. A Constituição Federal
é um documento que rege como deve ser a organização desses estados. Mas nem
todos os países do mundo são federações. Nesse sentido, apenas 15% dos países
são Federações e 85% são Unitários. Podemos citar os Estados Unidos como
exemplo dos federados, assim como o Brasil. Já o Reino Unido é Unitário, isto é, o
poder está concentrado no governo central, quer dizer, os membros possuem certa
autonomia e alguns poderes. Isto porque o governo permite, pois, teoricamente,
eles podem, a qualquer momento mudar essa situação.
Mas aqui no nosso país, é possível a
separação de qualquer um dos estados? Tem como ocorrer a secessão?
Levando em consideração a nossa
Constituição, não é possível que isso ocorra.
Analisemos a Constituição Federal que
diz:
Art. 1º A República
Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios
e do Distrito Federal, [...]
No entanto, essa discussão é muito
antiga, até mesmo antes da Constituição Federal, isto é, desde a Revolução
Farroupilha (1835- 1845). Atualmente tem chamado a atenção, especialmente na
região Sul do país que busca a separação do Brasil através do movimento
chamado; “O Sul é o meu país” é um
movimento bem organizado que possui Estatuto e Declaração de Direitos do Povo
Sul-Brasileiro. Inclusive, possuem padrão oficial de bandeira desse novo país.
Mas é muito difícil saber o número
correto de quantas pessoas querem a separação da região, do restante do país.
Essa é a causa do plebiscito que ocorrerá no dia primeiro de outubro. O problema é
que mesmo assim, é impossível saber quantas pessoas refletiram ou tentaram
entender essa questão. Como decidir algo tão importante sem consciência dos
fatos?
E mesmo que o plebiscito tenha 100%
dos votos a favor da secessão, o resultado não vai ter nenhum valor legal. Isto
porque, politicamente não tem jeito. Não adianta deputados e senadores lançarem
essa ideia no congresso, pois vai contra a Constituição Federal. E se os
sulistas declararem a separação, o governo Federal pode intervir diretamente,
isto está previsto na constituição, podendo acarretar numa guerra civil.
Questões a serem
analisadas:
1-
Que empresas fechariam contratos nacionais, já que esse mesmo
país poderia virar dois ou três?
2-
Como o governo estruturaria programas nacionais?
3-
Quais investidores se sentiriam seguros em colocar dinheiro
aqui?
Na verdade, ser indissolúvel gera mais
segurança para grandes investimentos. Dessa forma, devemos nos atentar que é de
suma importância a estabilidade econômica, jurídica e política, pois vivemos
num mundo globalizado, sem isso fica muito caro para obtenção de financiamentos,
estimular a economia e, principalmente, gerar empregos.
Mas, olhando por outro
ângulo,
existe um princípio, muito importante que é a AUTODETERMINAÇÃO DOS POVOS
baseado no DIREITO INTERNACIONAL que diz: “
Qualquer povo tem o direito a escolher a forma de governo sob a qual vive.”
Ou seja, ninguém pode obrigar o povo a
ser governado de uma forma ou outra, sem que ele queira.
A nossa própria
Constituição Federal em seu Artigo 4º:
“A Repúbica Federativa do
Brasil, rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
I-
Independência nacional;
II-
Prevalência dos Direitos Humanos;
III-
Autodeterminação dos
povos;
IV-
Não- intervenção;
V-
Igualdade entre os estados;
VI-
Defesa da paz;
VII-
Solução pacífica dos conflitos;
VIII-
Repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX-
Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X-
Concessão de asilo político.
Mas como fazer a secessão
sem conflitos?
A polêmica é entre AUTODETERMINAÇÃO DOS
POVOS e INTEGRIDADE NACIONAL.
Podemos traçar um paralelo com outras
regiões do mundo como Ucrânia, Índia e até mesmo no Canadá, que é uma nação
desenvolvida.
Mas afinal de contas, o que é um povo?
Será que a nação sulista é diferente dos outros povos do Brasil?
Na verdade, a autodeterminação era mais
fácil de aplicar numa época em que na maior parte do mundo existia colônia. Num
contexto contemporâneo, as discussões são outras, ou seja, os conflitos são
ideológicos ou geopolíticos. E a aplicação acaba por ser mais política. A
secessão afeta o mundo todo, e não apenas por quem quer sair.
Nesse caso, essa decisão não deveria
ser tomada de forma mais ampla?
Bom, seria interessante analisarmos um
exemplo concreto:
Com a saída do Reino Unido da União
Europeia ( BREXIT), toda a União Europeia entrou em cenário de risco, até mesmo
a bolsa de valores do Brasil entrou em queda. E mesmo que o BREXIT seja uma
discussão de bloco político econômico e não de formação de Estado, esse exemplo
serve para mostrar a instabilidade direcionada para outras regiões que, também,
são afetadas indiretamente.
Para concluir, é importante analisarmos
as consequências da secessão:
1-
Discussões e negociações seriam imprescindíveis, seguidas de
muita burocracia;
2-
No primeiro momento, podemos fazer uma analogia com o
divórcio, ou seja, o marido pode ter uma grande dívida com a esposa ou
vice-versa.
3-
Mas em se tratando de território existem várias outras questões
muito relevantes, fronteiras e migrações;
4-
Logística de transportes, quem fica com o petróleo, com
hidrelétricas, termelétricas, linhas de transmissão e muito mais?
5-
O novo país deveria escrever a sua própria Constituição o que
implicaria em questionamentos, como será que seriam unitários ou federados? Seriam
a favor da secessão?
6-
No campo econômico o novo país deveria definir a sua própria
moeda, estabelecer o seu próprio banco central e criar relações com o sistema
financeiro mundial.
7-
O novo país deveria ser reconhecido mundialmente como país e
formar todos os laços diplomáticos, podendo levar décadas. Ainda mais se a
secessão não tiver sido pacífica.
Finalizando, não é possível falar
em independência sem analisar todos os fatos cabíveis. Mas é importante salientar que devemos analisar com muito cuidado o que
leva as pessoas a pensarem em separação. Pois os motivos são sempre baseados em
algum direito tirado do povo em questão.
Querido estudante, ainda estou
estudando os prós e os contras. Faça isso você, também. Não se limite, busque
mais informações a cerca disso, não só nas posições favoráveis, ou não. Mas no
contexto histórico, também. Analise várias fontes, somente depois de tudo,
forme a sua opinião. É disso que o Brasil precisa: cidadãos conscientes dos
seus direitos e deveres, com ideias próprias e fundamentadas. Não posso fazer
isso por você, mas cabe a mim como educadora , instigá-los a não responder
questões relevantes antes de analisá-las profundamente.
Fontes:
G1.globo.com-
Made for Minds-
Brs-explica (ADAPTADO)
SAIBA MAIS:
[...] Em julho deste ano, o Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC) vetou a realização da consulta no território catarinense e fez uma série de ressalvas à iniciativa. Parecer assinado pelo presidente do TRE-SC, o desembargador Cesar Augusto Mimoso Ruiz Abreu, apontou que o termo plebiscito só pode ser usado em consultas que são convocadas em conformidade com os critérios legais, o que não ocorria neste caso. [...] ( DIÁRIO DO GRANDE ABC);
[...] Você já imaginou os Estados de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul formando um país independente? É o que o movimento “O Sul é Meu País” almeja. O grupo está organizando um plebiscito informal sobre a causa. [...] (@ALCIR )
[...] Criado no Rio Grande do Sul, o movimento se diz herdeiro de outros levantes separatistas sulinos – como a Revolução Farroupilha, no século 19. Segundo seu presidente, o movimento tem hoje representação em 800 municípios dos três estados e cerca de 30 mil filiados. O alto número de simpatizantes, no entanto, não se traduz em arrecadação financeira. Segundo Deucher, a organização sobrevive de doações dos 26 diretores e de mensalidades de R$ 15 pagas por cerca de cem membros.
Críticas
Para o professor de História Carlos Antunes Filho, da UFPR, as ideias separatistas no país são apoiadas em bases suspeitas. “É um delírio baseado em segregação racial e intolerância que destoa da forma coletiva e plural da construção da nação brasileira”, diz ele. O professor Herbert Toledo Martins, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, também desacredita a ideia. “Não é um movimento sério; não tem representatividade política.”
Acostumado a críticas, Deucher rechaça as acusações de que o movimento é delirante. “Pode ser um sonho; mas tem muita gente sonhando junto”, diz ele, que é professor de História numa escola de Brusque (SC), jornalista e marqueteiro político . [...] ( GAZETA DO POVO)