Capitalismo é um sistema socioeconômico
caracterizado pela propriedade privada dos meios de produção e a liberdade dos
indivíduos para realizar contratos que regulem seus próprios interesses. De
modo geral a atividade econômica está orientada a rentabilidade ou obtenção de
benefícios numa ideologia neoliberal, ou seja, em que o Estado não
intervém. O sistema capitalista é
baseado numa economia de mercado, pois a finalidade da produção é o intercâmbio
e não o consumo direto. Nesse sentido, a competitividade é o motor e o
regulador da atividade econômica.
Desse modo, o consumo torna-se uma parte
fundamental do processo de expansão do capitalismo, na medida em que se coloca
como condição determinante para a acumulação do capital. Essa acumulação que
garante os avanços tecnológicos, permitindo a fabricação de produtos mais
modernos, que reaquecem o consumo.
Com o crescimento do consumo, o ritmo
das atividades econômicas tornou-se muito mais intenso, o que faz ampliar de
modo considerável a interferência do ser humano sobre a natureza. Para atender
ao grande aumento da produção, foi preciso explorar uma quantidade cada vez
maior de recursos. Desse modo, a natureza passou a ser vista apenas como fonte
de matérias-primas, o que deflagrou um intenso processo de degradação
ambiental.
No Brasil e em vários outros países, as
florestas e matas são devastadas para ceder lugar às lavouras e pastagens ou
apenas para a retirada de madeira, levando um grande número de seres vivos à
beira da extinção. A exemplo disso, podemos citar os solos da região do Sahel (
África), tornam-se improdutivos por causa do manejo inadequado. A poluição
aumenta progressivamente, seja nas águas continentais e oceânicas, ou na atmosfera.
Além de tudo, o lixo acumula-se em grandes quantidades nos maiores centros
urbanos, assim como, muitos recursos, sobretudo os de origem fóssil, estão em crescente
esgotamento, pois os energéticos fósseis, apresentam reservas limitadas na
natureza.
O petróleo, por exemplo, constitui a
principal fonte de energia utilizada atualmente, sobretudo na forma de
combustível (querosene, gasolina e óleo diesel). A falta de petróleo levaria à
paralisação de muitas atividades industriais e de grande parte dos meios de
transporte.
Atualmente, o petróleo é a fonte de 35%
da energia consumida no planeta, mas segundo estimativas as reservas conhecidas
serão suficientes para atender ao consumo mundial por apenas mais 40 anos.
O crescente
aumento dos padrões de consumo e suas relações com os problemas ambientais
ocorrem de maneira distinta entre os países. Dados estatísticos comprovam que a
maior parte da poluição gerada no planeta, assim como, a intensa exploração de
recursos naturais, é causada pelo alto nível de consumo de apenas 18% da
população mundial. Grande parte dessa população encontra-se nos países
desenvolvidos, onde a renda per capita é bastante elevada, possibilitando maior
acesso ao consumo.
Em
contrapartida, nos países subdesenvolvidos uma imensa parcela da população não
tem acesso a bens e serviços para satisfazer às suas necessidades básicas.
Aproximadamente 39% da população mundial não tem acesso a saneamento básico em
suas residências; 13% não têm acesso à água potável; 12% não dispõem de
habitações adequadas; e 11% das crianças em todo o mundo sofrem de grave
desnutrição.
Os países desenvolvidos
consomem mais recursos; por isso eles são responsáveis pela maior parte dos
problemas ambientais existentes na atualidade. Porém, ainda que as nações
subdesenvolvidas apresentem níveis de consumo bem mais reduzido, não se pode
dizer que estão isentas de responsabilidade diante das questões ambientais. Na verdade,
a questão da preservação ambiental não tem sido tratada como prioritária pelos
governos dos países subdesenvolvidos, que alegam “falta de recursos” para
enfrentar questões essenciais básicas, como pobreza, fome e educação. Nesse sentido,
o fato desses países adotarem legislações ambientais pouco rígidas favorece o
desenvolvimento de atividades incompatíveis com a proteção do meio ambiente
propiciando condições para a instalação de transnacionais nesses países, nas
áreas de controle e preservação ambiental. Tais empresas pagam, muitas vezes,
indenizações irrisórias em casos de acidentes que provoquem danos ao meio
ambiente.
Assim sendo, constata-se que o modelo
capitalista, baseado em inovações tecnológicas, na busca do lucro e no aumento
contínuo nos níveis de consumo, precisa ser substituído por outro que leve em
consideração o desenvolvimento sustentável em prol de um planeta mais saudável
e digno de se viver. Pois consumir não é uma atitude condenável, mas é de suma
importância não deixar que o consumo exacerbado controle nossa vida, fazendo
com que a segurança sobre nossos valores esteja sempre ligada à roupa que
vestimos ou ao carro que andamos.
Fontes: Levon Boligian e Wanessa Garcia;
Andreia Schmidt (ADAPTADO)