segunda-feira, 13 de outubro de 2025

ENEM 2025: Geopolítica, Meio Ambiente e Cidadania



Cartilha para o ENEM 2025: Geopolítica, Meio Ambiente e Cidadania

Elaborado com base no material da Professora de Geografia e Especialista em Avaliação Educacional: Lúcia Helena Barbosa Ávila (lucinhahb) Criadora deste blog.


Sumário

  1. Introdução: A Bússola para o Futuro no ENEM

  2. A Constituição Cidadã de 1988: Pilar da Democracia e da Sustentabilidade

  3. Desenvolvimento Sustentável: O Conceito e Suas Abordagens Fundamentais

    • 3.1. Preservação, Conservação, Mitigação e Adaptação

  4. Mudanças Climáticas: Impactos Globais e a Realidade Brasileira

    • 4.1. Refugiados Climáticos e a Justiça Climática

    • 4.2. Emissões de GEE: Contrastes Brasil x Mundo

    • 4.3. Rios Voadores: A Amazônia e o Ciclo Hidrológico Nacional

  5. A Urbanização Contemporânea: Desafios Socioambientais no Século XXI

    • 5.1. Segregação Socioespacial e Especulação Imobiliária

  6. A Fronteira Agrícola no Brasil: Expansão, Impactos e Potenciais

    • 6.1. Biomas Brasileiros sob Pressão e Exemplos de Manejo

    • 6.2. O Solo e a Agricultura

  7. Populações Vulneráveis e o Conhecimento Tradicional: Caminhos para a Justiça Socioambiental

  8. A Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS): Um Roteiro Global

  9. Conclusão: A Interconexão dos Saberes para um Futuro Sustentável


1. Introdução: A Bússola para o Futuro no ENEM

Prezados(as) estudantes,

Esta cartilha foi cuidadosamente elaborada com o objetivo de guiá-los(as) na compreensão de temas essenciais para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Em um mundo em constante transformação, a Geografia se revela uma ferramenta indispensável para decifrar as complexas relações entre sociedade, natureza e economia.

Os conteúdos aqui apresentados, que abrangem desde os princípios da nossa "Constituição Cidadã" até os desafios impostos pelas mudanças climáticas e a busca pelo desenvolvimento sustentável, são a base para uma análise crítica e contextualizada do espaço geográfico. É crucial que vocês entendam: o tema do Desenvolvimento Sustentável, intrinsecamente ligado à nossa Constituição Federal, certamente cairá no ENEM de uma forma ou de outra. A proposta é oferecer uma visão integrada que lhes permitirá não apenas responder às questões da prova, mas também se tornarem cidadãos mais conscientes e atuantes na construção de um futuro mais justo e equitativo.

Vamos mergulhar nesses conhecimentos, que são a chave para entender o Brasil e o mundo contemporâneo.


2. A Constituição Cidadã de 1988: Pilar da Democracia e da Sustentabilidade

A Constituição Federal de 1988 (CF/88), carinhosamente conhecida como "Constituição Cidadã", é um marco fundamental na história brasileira. Promulgada após um longo período de ditadura militar, ela representou a redemocratização do país e o estabelecimento de um arcabouço legal progressista.

Conforme o material da Professora Lúcia Helena:

"Esse apelido se justifica por sua profunda preocupação com os direitos sociais, individuais, políticos e, de forma inédita em sua abrangência, com as questões ambientais. Ela representou um divisor de águas ao reintegrar o Brasil na senda democrática e ao estabelecer um arcabouço legal progressista, que busca promover a justiça social e a proteção ambiental como pilares indissociáveis do desenvolvimento nacional." CONTEÚDO ENEM GEOGRAFIA 2025 (1).pdf, Capítulo "A Constituição Cidadã de 1988 e os Desafios da Sustentabilidade no Século XXI"

A CF/88 elevou o meio ambiente a um direito fundamental, estabelecendo em seu Artigo 225 que "Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações." Este artigo é a base para a atuação brasileira em relação à proteção ambiental e ao desenvolvimento sustentável.

Para Aprofundar:


3. Desenvolvimento Sustentável: O Conceito e Suas Abordagens Fundamentais

A preocupação global com o meio ambiente ganhou força a partir da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo (1972), inicialmente com foco na preservação (manter a natureza intocada). Contudo, a complexidade dos problemas socioambientais levou à evolução desse debate.

Na década de 1980, o Relatório Brundtland (Nosso Futuro Comum, 1987) introduziu o conceito de Desenvolvimento Sustentável. Esse conceito desmistificou a ideia de que crescimento econômico e proteção ambiental eram incompatíveis, defendendo a possibilidade de explorar os recursos naturais de forma a atender às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de atenderem às suas próprias necessidades.

O desenvolvimento sustentável busca o equilíbrio harmonioso entre sociedade, meio ambiente e economia.

3.1. Preservação, Conservação, Mitigação e Adaptação

O material da Professora Lúcia Helena detalha as diferentes abordagens ambientais:

Conceito

Definição Principal

Exemplos Práticos

Preservação

Proteção integral da natureza, sem intervenção humana e sem exploração econômica. Visa manter o ambiente intocado.

Criação de reservas biológicas onde a visitação e a coleta são proibidas.

Conservação

Proteção, manejo e uso sustentável da natureza, buscando o equilíbrio entre o uso dos recursos e a manutenção da biodiversidade. Permite o uso racional.

Criação de parques nacionais com uso turístico controlado; manejo florestal sustentável; agricultura familiar sustentável.

Mitigação

Ações para reduzir ou evitar as causas de um problema ambiental, especialmente as emissões de gases de efeito estufa. Foca em prevenir o problema na sua origem.

Transição para fontes de energia renováveis (solar, eólica); reflorestamento para sequestro de carbono; redução do desmatamento.

Adaptação

Ações para reduzir a vulnerabilidade e os impactos adversos dos problemas ambientais que já são inevitáveis ou que já estão ocorrendo. Foca em lidar com as consequências.

Construção de diques e barreiras contra inundações; desenvolvimento de culturas agrícolas resistentes à seca; sistemas de alerta precoce.

*CONTEÚDO ENEM GEOGRAFIA 2025 (1).pdf, Capítulo "A Evolução do Debate Ambiental: De Estocolmo ao Desenvolvimento Sustentável"*

Para Aprofundar:


4. Mudanças Climáticas: Impactos Globais e a Realidade Brasileira

As mudanças climáticas representam uma das maiores ameaças do século XXI, com consequências que já afetam comunidades em todo o mundo.

Para Aprofundar:

4.1. Refugiados Climáticos e a Justiça Climática

O aquecimento global intensifica eventos extremos, como secas, inundações e ciclones. Essa realidade gera um fenômeno humanitário crescente: os refugiados climáticos.

"É um deslocamento involuntário e compulsório, onde a alternativa de permanecer se torna inviável para a sobrevivência. O caso de Tuvalu, que vimos anteriormente, é um exemplo claro de uma nação inteira que pode se tornar uma população de refugiados climáticos." CONTEÚDO ENEM GEOGRAFIA 2025 (1).pdf, Capítulo "Refugiados Climáticos: Uma Crise Humanitária Emergente"

A justiça climática é um tema central, pois a responsabilidade pela crise climática recai majoritariamente sobre as nações desenvolvidas, que historicamente emitiram vastas quantidades de gases de efeito estufa (GEE). Paradoxalmente, são os países emergentes e subdesenvolvidos, como o Brasil, que sofrem os impactos mais severos, sem terem sido os principais causadores do problema.

Para Aprofundar:

4.2. Emissões de GEE: Contrastes Brasil x Mundo

A compreensão das fontes de emissão de GEE é fundamental para abordar as mudanças climáticas.

"No Brasil, o maior responsável pela emissão de GEE não é a queima de combustíveis fósseis, mas sim a mudança de uso do solo, especialmente o desmatamento. [...] Além disso, a pecuária extensiva, frequentemente associada ao desmatamento na Amazônia, agrava o problema pela emissão de metano (um potente GEE) pelo gado." Em países desenvolvidos, a maior parte provém da queima de combustíveis fósseis. CONTEÚDO ENEM GEOGRAFIA 2025 (1).pdf, Seção 2

A matriz energética brasileira, baseada em hidrelétricas, é considerada mais "limpa", mas o desmatamento continua sendo o principal desafio.

Para Aprofundar:

4.3. Rios Voadores: A Amazônia e o Ciclo Hidrológico Nacional

O desmatamento na Amazônia não afeta apenas a região, mas todo o Brasil.

"A Amazônia é responsável por um fenômeno natural crucial para o clima da América do Sul: os rios voadores. A vasta floresta transpira bilhões de litros de água diariamente, formando massas de ar úmido que são transportadas por correntes atmosféricas para outras regiões do Brasil, especialmente o Centro-Oeste, Sudeste e Sul, contribuindo significativamente para as chuvas nessas áreas." CONTEÚDO ENEM GEOGRAFIA 2025 (1).pdf, Seção 6

O comprometimento desses rios voadores pela derrubada da floresta resulta na diminuição das chuvas, queda no nível dos reservatórios e afeta a geração de energia elétrica, agravando crises hídricas e energéticas em diversas regiões do país.

Para Aprofundar:

  • Entenda melhor o fenômeno dos Rios Voadores através de projetos de pesquisa e divulgação.


5. A Urbanização Contemporânea: Desafios Socioambientais no Século XXI

O processo de urbanização molda paisagens e relações sociais de maneira complexa. A chamada segunda onda de urbanização (Século XX em diante), especialmente nos países em desenvolvimento, ocorreu de forma vertiginosa e, muitas vezes, desordenada, com graves impactos socioambientais.

"Crescimento desordenado: Formação de grandes metrópoles com extensas periferias, favelas e assentamentos precários. [...] Intensa segregação socioespacial: A população de baixa renda é empurrada para áreas de risco (encostas, margens de rios) ou muito distantes dos centros de emprego. [...] Degradação ambiental: Contaminação de rios urbanos, acúmulo de lixo, desmatamento de áreas verdes para ocupação irregular, problemas de mobilidade e poluição atmosférica em larga escala." CONTEÚDO ENEM GEOGRAFIA 2025 (1).pdf, Seção 3

5.1. Segregação Socioespacial e Especulação Imobiliária

A especulação imobiliária é um fenômeno intrínseco à urbanização capitalista. Ela consiste na retenção de terrenos ou imóveis à espera de valorização, o que gera aumento dos preços, formação de "vazios urbanos" em áreas com infraestrutura consolidada e, consequentemente, empurra a população mais pobre para as periferias, intensificando a segregação socioespacial.

Para Aprofundar:

  • Pesquise sobre as diretrizes do Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001), que regulamenta os artigos da Constituição sobre política urbana.


6. A Fronteira Agrícola no Brasil: Expansão, Impactos e Potenciais

A expansão da fronteira agrícola, impulsionada pela Revolução Verde a partir dos anos 1960, tem sido um motor econômico, mas também um dos maiores vetores de impacto ambiental.

6.1. Biomas Brasileiros sob Pressão e Exemplos de Manejo

  • Cerrado: Considerado um hotspot de biodiversidade, está sob grave ameaça pela expansão da agropecuária, sendo um dos biomas mais desmatados.

  • Arco do Desmatamento e Matopiba: Regiões como o Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) representam novas fronteiras agrícolas com rápida expansão de grãos, gerando desmatamento e conflitos por terra.

  • Mata dos Cocais: Ecossistema de transição que ilustra a possibilidade de coexistência entre atividade econômica (extrativismo da carnaúba) e ecologia, praticada por comunidades tradicionais.

  • Pantanal: Frequentemente apontado como o bioma mais conservado, em parte devido às inundações sazonais que limitam monoculturas e à pecuária extensiva tradicional.

  • Mata de Araucárias: Sofreu intensa exploração madeireira histórica no Sul do Brasil, restando hoje apenas fragmentos.

  • Pampa: A agropecuária extensiva, sem manejo adequado, pode levar à arenização (formação de bancos de areia pela perda de vegetação e erosão do solo, diferente da desertificação).

  • Caatinga: A agricultura itinerante (corte e queima), embora tradicional, torna-se insustentável com o aumento da pressão populacional e a redução dos períodos de pousio.

6.2. O Solo e a Agricultura

O material destaca que a relação entre biodiversidade e solos não é simples. Por exemplo:

"A Amazônia [...] seus solos são frequentemente pobres em nutrientes [...] A riqueza do ecossistema amazônico reside na ciclagem rápida de nutrientes que ocorre na própria biomassa da floresta. Já a Caatinga, [...] pode ter solos com potencial de fertilidade, mas a escassez hídrica é o principal fator limitante." Texto complementar "Constituição Federal, Biomas Brasileiros e a Construção de um Futuro Sustentável"

No Cerrado, para tornar solos ácidos produtivos, utiliza-se a técnica da calagem (aplicação de calcário para corrigir acidez e fornecer nutrientes).

Para Aprofundar:

  • Conheça o trabalho da Embrapa em pesquisa para a sustentabilidade agrícola nos biomas brasileiros.

  • Explore o mapa dos Biomas Brasileiros no site do IBGE.


7. Populações Vulneráveis e o Conhecimento Tradicional: Caminhos para a Justiça Socioambiental

A Constituição Federal de 1988 confere atenção especial a povos indígenas, quilombolas e outras comunidades tradicionais, reconhecendo seus direitos originários sobre as terras e o valor de seus conhecimentos ancestrais.

"Esses conhecimentos são frequentemente mais aprofundados e sustentáveis do que muitas práticas modernas, pois foram desenvolvidos ao longo de gerações em coevolução com os ecossistemas locais. [...] Sua presença e autonomia são vitais para a saúde dos biomas, e a Constituição lhes garante essa proteção." CONTEÚDO ENEM GEOGRAFIA 2025 (1).pdf, Capítulo "Populações Vulneráveis, Conhecimento Tradicional e Justiça Ambiental"

A valorização do movimento da Consciência Negra, que busca combater o racismo e valorizar a história, exemplifica a luta por direitos humanos e justiça social, intrinsecamente ligados aos objetivos constitucionais de promover o bem de todos, sem preconceitos.

Para Aprofundar:

  • Entenda os direitos dos povos indígenas na FUNAI

  • Saiba mais sobre a cultura e direitos dos quilombolas na Palmares (Fundação Cultural Palmares).


8. A Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS): Um Roteiro Global

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) na Agenda 2030, representam um plano global com 17 objetivos e 169 metas para alcançar um futuro mais próspero, justo e sustentável.

A relação entre a CF/88 e os ODS é de complementaridade e sinergia. A Constituição Cidadã fornece o arcabouço legal interno, enquanto os ODS oferecem um roteiro internacional que orienta a implementação das diretrizes constitucionais. Essa interconexão abrange eixos como:

  • Direitos Fundamentais e Justiça Social (Eixo Social): Alinhados a ODS como erradicação da pobreza (ODS 1), saúde e bem-estar (ODS 3), educação de qualidade (ODS 4) e redução das desigualdades (ODS 10).

  • Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado (Eixo Ambiental): O Art. 225 da CF/88 é a base para ODS como água potável e saneamento (ODS 6), energia limpa e acessível (ODS 7), ação contra a mudança global do clima (ODS 13) e vida terrestre (ODS 15).

  • Ordem Econômica e Desenvolvimento (Eixo Econômico): Princípios como a função social da propriedade (Art. 170) e a defesa do meio ambiente se sintonizam com ODS como consumo e produção responsáveis (ODS 12) e crescimento econômico inclusivo (ODS 8).

  • Governança e Parcerias (Eixos da Governança): O Estado Democrático de Direito (Art. 1º) e a cooperação internacional (Art. 4º) são fundamentais para o ODS 16 (Paz, Justiça e Instituições Eficazes) e ODS 17 (Parcerias e Meios de Implementação).

Para Aprofundar:


9. Conclusão: A Interconexão dos Saberes para um Futuro Sustentável

Chegamos ao final desta cartilha, que buscou conectar os principais conceitos geográficos e socioambientais com a base legal e ética de nossa Constituição Federal e os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil. Os temas aqui abordados – a Constituição Cidadã, o Desenvolvimento Sustentável, os desafios das Mudanças Climáticas, a Urbanização, a Fronteira Agrícola e os Direitos das Minorias – não são isolados. Pelo contrário, eles se entrelaçam e moldam a realidade brasileira e global.

"É crucial que os estudantes, como cidadãos conscientes, entendam que a análise desses temas não se baseia em cunhos partidários, mas nos valores e direitos consagrados na nossa Carta Magna e nos compromissos internacionais do Brasil. Essa compreensão holística é a chave para uma participação ativa e informada na construção de um futuro mais equitativo e sustentável." Texto complementar "Constituição Federal, Biomas Brasileiros e a Construção de um Futuro Sustentável"

Para o ENEM, essa visão integrada é de valor inestimável. A capacidade de articular esses diferentes conhecimentos, de identificar causas e consequências, e de propor soluções que respeitem os direitos humanos e a diversidade sociocultural será um diferencial na sua jornada. 

Continuem aprofundando seus estudos, pois a Geografia é viva, dinâmica e fundamental para compreendermos e atuarmos em nosso mundo.

Lúcia Helena Barbosa Ávila- Professora de Geografia e Especialista em Avaliação Educacional

Postagem em destaque

BRASIL: CRISE HÍDRICA E ENERGÉTICA

A 6ª edição da Greenbuilding Brasil – Conferência Internacional e Expo – trará especialistas nacionais e internacionais para falarem de tem...